Como pescar na praia? Este é um questionamento recorrente entre os pescadores amadores e inexperientes que buscam, através desta modalidade, uma atividade de lazer junto com a família e amigos.
Com sua vasta faixa litorânea (8,5mil quilômetros de praias) e sua imensa rede de rios (aproximadamente 35mil quilômetros), o Brasil possui um enorme potencial de mercado e lazer para a pesca esportiva.
Apesar de movimentar mais de 500 milhões de reais com a modalidade (maior parte na Amazônia e Pantanal) e de possuir em torno de 6 milhões de praticantes, a pescaria esportiva no Brasil, especialmente a amadora e de praia, carecem de dados confiáveis.
Outras fontes, estimam que a movimentação financeira seja ainda maior, superando 1 bilhão de reais, e que as estatísticas relacionadas a pesca amadora são frágeis em decorrência do baixíssimo número de praticantes devidamente registrados nos órgãos competentes (RGP).
Obstante a ausência de dados completos, sabe-se que a maior parte dos pescadores amadores se dedicam a pesca em água doce, principalmente no pantanal mato-grossense e nos rios amazônicos.
Em contrapartida, a pesca de praia ainda é vista com certa desconfiança por muitos praticantes pois, além das especificidades técnicas e de material, a modalidade ainda carece de maior conscientização quanto a preservação de algumas espécies e de maior fiscalização quantos as práticas de pesca de arrasto e industrial.
Assim, para que a modalidade evolua na quantidade e qualidade dos adeptos procuramos através deste texto estimular a pesca responsável e aguçar o instinto daqueles que pretendem se aventurar na pescaria esportiva de praia de modo amador.
Neste texto você encontrará algumas dicas de como se preparar para esta empreitada, contemplando noções gerais de materiais, tempo (natureza) e técnicas.
Como qualquer modalidade esportiva, a pescaria de arremesso requer algum conhecimento específico, treinamento e claro, gosto pela atividade em si.
Deste modo, é importante ressaltar que este texto é direcionado a um público de pesca esportiva amadora, portanto, envolverá noções básicas de como pescar na praia que, provavelmente, serão banais para os pescadores ditos profissionais ou mais experientes.
Portanto, contemple o texto e não esqueça que o conhecimento não se limita a este escrito, e que novidades surgem, como em qualquer ramo, dia após dia, especialmente quando falamos de materiais de pesca.
Como pescar na praia? a técnica correta
Alguns detalhes são importantes para uma boa execução de seus lançamentos, como o material correto, a posição do corpo no início meio e fim do gesto, o “time” para soltar o dedo da linha e a aceleração do movimento.
Este último, é o fator preponderante na técnica da pescaria de arremesso e será otimizado conforme os ajustes corporais necessários forem feitos para um movimento progressivo.
O ponto de partida para um bom gesto é a posição inicial do corpo e da chumbada, de modo que o pescador poderá iniciar seu arremesso de frente, de lado, ou de costas para a água. Bem como a chumbada poderá estar estática ou em pêndulo.
Nos dois casos, o praticante deverá praticar bastante e aprender a avaliar a situação da praia (presença de barrancos, buracos, etc.) e a técnica na qual ele adapta-se melhor.
Na pescaria esportiva de praia, a vara e o chumbo tornam-se quase que uma extensão do corpo no momento do lançamento, pois seus movimentos são potencializados pelos gestos de rotação da cintura, troca de pés e firmeza nos braços.
Didaticamente, podemos dividir o arremesso em 3 categorias: o baixo, o ideal e o alto. No primeiro, o disparo é prejudicado e atrasado pelo dedo que prende a linha por muito tempo. No segundo, a direção e ângulo (de 45º) do chumbo saem corretos pois o “time” de soltar a linha foi assertivo. No último, o tiro alto, a linha escapa antes do tempo e arruína o lançamento.
Esta harmonia entre material e movimentos, feita de maneira correta, contribuirá para alcançar maiores distâncias de arremesso. Como toda demanda técnica de qualquer esporte, o treinamento é fundamental para o aprender a como pescar na praia.
Por fim, não esqueça de ajustar o freio do molinete ou carretilha, proteger seu dedo indicador com uma luva ou qualquer outra proteção e, se possível, utilize elastano para firmar melhor a sua isca no anzol.
Pescaria de Arremesso: onde estão os peixes?
Quando falamos de habitat marítimo e suas variáveis de influência, estamos tratando da mais imponderável das condições na pescaria de arremesso: o tempo.
Primeiramente, é fundamental considerar as características de cada praia, bem como seu relevo de fundo, profundidade, fauna predominante em diferentes períodos, predominância de ventos, entre outros detalhes.
Para saber como pescar na praia, o pescador deverá observar estas particularidades e aprender a diferenciar uma praia rasa de uma funda, de modo a identificar o número de arrebentações, a presença de “poços”, valões ou depressões.
As praias ideais são aquelas que têm canais mais fundos. Os trechos com lajes ou parcéis, além daqueles com faixa de areia estreita são bons pontos, no entanto, os primeiros são mais difíceis de identificar por estarem submersos.
Outro bom local para se instalar são os pontos de encontro das águas. Nestes locais geralmente formam-se bancos de areia, e neles depressões, atraindo peixes devido ao acúmulo de alimentos.
Independentemente de águas rasas ou fundas, o pescador deverá buscar a linha atrás da segunda ou terceira arrebentação, visando o canal onde a presença de peixes é mais provável.
Não é fácil identificar estes canais, ainda assim, avalie o canal anterior, o comportamento da chumbada (correr menos caso tenha caído no canal) e a “saída” de peixes para saber se você está num bom lugar.
Naturalmente, esta habilidade será desenvolvida à medida que a pessoa adquira conhecimentos empíricos e troque informações com pescadores mais experientes na pesca de arremesso.
Abaixo, selecionamos algumas das variáveis mais importantes a se considerar nesta modalidade de pescaria:
- A influência da maré;
- Os ventos ideias para pescar na praia;
- Cuidar a pressão atmosférica;
- A importância das fases da lua na pescaria de arremesso.
Os comportamentos destas variantes estão interligados e influenciam diretamente na movimentação dos cardumes.
Por exemplo, variações de pressão atmosférica vão ocasionar os ventos de determinada direção. Já as diferentes fases da lua vão promover mudanças nas marés. O sucesso ou não da pescaria de arremesso será determinado, primeiro, por uma boa avaliação da hora e altura das marés.
Em síntese, as condições ideias para pescar na praia são nas marés altas; nas luas cheia e nova; nos períodos próximos ao amanhecer até as primeiras horas da manhã e ao cair da tarde às primeiras horas da noite; e pressão atmosférica em oscilação e ventos soprando à leste.
Como pescar na praia? equipamentos ideais
A escolha do material proporcional a demanda da pescaria de arremesso, juntamente com a boa avaliação do tempo, é outro fator determinante para evitar uma investida frustrante à praia.
Assim, o conjunto composto por vara, carretilha ou molinete, chumbada, anzóis, linha (e chicote) e isca deve estar harmônico às necessidades da modalidade.
Logo abaixo, elencamos algumas características que devem compor a escolha destes materiais:
Vara para pesca de arremesso
Como pescar na praia exigirá arremessos longos e fortes, a altura e a resistência da vara serão fundamentais para um bom lançamento. O “porte” do material decorrerá da escolha do tipo de peixe-alvo que ele deseja buscar e do local em que irá pescar.
Nas pescarias com material leve, onde visa-se peixes pequenos, dê preferência a tamanhos da vara acima de 2,40m, com material leve e sensível, mas ao mesmo tempo resistente, e com boa ação de casting (entre 30 e 60g).
Já nas pescarias de material médio, dê preferência por varas com altura superior á 3m, de ação rápida e com grafite na composição. Estas varas de resistir a chumbadas de 60 a 110g para minimizar a chance quebrá-la.
Em conclusão, os tamanhos de vara para uma pesca de arremesso pesada serão entre 3,60 e 4,5m; com capacidade de suportar até 250g de lure.
Uma vantagem do caniço longo é o fato da ponta ficar mais alta, portanto, menos linha fica submersa, resultando numa menor pressão das ondas e movimentação da chumbada.
Importante salientar que, em varas feitas para molinete é possível utilizar carretilhas, contudo, em varas estruturadas para carretilhas a mesma lógica não se aplica.
Isso se deve a largura dos passadores utilizados em cada tipo de vara e maneira pela qual a linha deixa o carretel na carretilha (de maneira mais retilínea) ou no molinete (semelhante a argolas).
Isca para pescar na praia
Nas iscas para peixes pequenos e matérias leves, utiliza-se pedaços de camarão descascado, marisco, minhoca da praia, pedaços de sardinha, entre outras.
Contudo, nas iscas para material de porte médio, poderão ser usados pedaços maiores de camarão, manjubas, filés de sardinha, caranguejinhos, corruptos, etc.
Por último, na pescaria pesada, serão iscados, preferencialmente vivos, camarões inteiros, sardinhas, corruptos, lulas, siris, etc.
Molinete ou carretilha para pescar na praia
Bem como nas varas, os molinetes ou carretilhas devem ser proporcionais ao tipo de pesca almejado e a própria vara escolhida.
Na pescaria esportiva de praia com material leve os molinetes são pequenos (modelos 500, 1000 e no máximo 2000) e com capacidade para carregar, no mínimo 150m de linhas 0,15mm em diante.
Nos materiais de porte médio, os modelos 3000,4000 e 5000 de molinetes adequam-se bem. Sua capacidade de linha deve ser, ao menos, superior a 150m com uma bitola 0,30mm.
Finalmente, nas pescarias mais pesadas, o molinete ou carretilha deverão ter uma excelente capacidade de linha. Nestas situações, pescadores mais experientes preferem a carretilha devido a sua melhor capacidade de freio e tração.
Se optar pelo molinete, prefira os modelos com tamanhos 6000 a 8000 ou os Long Casting, os quais permitem ao pescador trabalhar com linhas mais finas e o ajudam a atingir maiores distâncias nos arremessos.
Linhas e chicotes para pescar na praia
Como dito acima, o pescador deve estar atento a proporcionalidade do conjunto linha/ capacidade do molinete ou carretilha. A espessura de linha, tal como a possível presença de arranque ou chicote devem atender aos padrões proporcionais de cada.
Por exemplo, ao optar por uma linha 0,20mm, o pescador poderá utilizar alguns metros com linha de arranque 0,30mm. Do mesmo modo, utilizando linhas mais finas, o pescador poderá lançar mão de chicotes montados com linhas 0,50 ou 0,60mm.
Proporcionalmente, as linhas do arranque e do chicote devem acompanhar o aumento de espessura da linha do molinete/carretilha em pescarias mais robustas.
Anzóis e Chumbadas mais utilizados
No que tange os anzóis, na pescaria de arremesso com material leve, o anzol escolhido poderá ser, por exemplo, o modelo Maruseigo (entre os tamanhos 12 e 16) ou o modelo 4330 (entre os tamanhos 4 e 8).
Em relação a chumbada para material leve, deverá pesar entre 30g e 60g, dependendo das condições da praia.
Na pescaria esportiva de praia com material médio, o tamanho do anzol Maruseigo subirá para os tamanhos entre 18 e 24. No modelo 4330, os tamanhos serão do 2 ao 2/0.
A chumbada deverá ter um peso médio de 90g, ou seja, oscilará entre 80 e 110g, dependendo da correnteza.
Por fim, na pescaria com material mais pesado, o anzol Maruseigo poderá ser do tamanho 26 ao 30; e no modelo 4330, entre os tamanhos 3/0 e 7/0. Anzóis do modelo 12146, da Marine, também são excelentes opções para este tipo de pescaria.
Nesse sentido, a chumbada deverá pesar a partir de 120g, no modelo tradicional ou até mesmo com garras, conforme as condições adversas da água.
Ainda no caso específico da chumbada, para um melhor desempenho de arremesso, o pescador deve considerar o coeficiente balístico, ou seja, tamanho, peso e a forma da chumbada, de modo que ela sofra menos os efeitos da resistência do ar e da gravidade.
Entretanto, seja com material leve, médio ou pesado, a escolha do modelo de anzol e da chumbada dependerão do peixe-alvo e do relevo da praia, respectivamente.
Outros apetrechos para uma boa pesca de arremesso
Não há como pescar na praia sem os materiais básicos listados acima, entretanto, outros apetrechos de pesca poderão facilitar sua vida na beira d’água, tais como: espera (ou fincador), bomba de sucção e elástico para isca, “secretária”, alicates (de pressão e de corte) e claro, um balde ou qualquer material para armazenar os peixes.
Pescaria de Arremesso: conclusões
Esperamos que as informações presentes aqui encorajem mais iniciantes a experimentar esta desafiadora modalidade de pesca de arremesso e a pratique de maneira ecologicamente responsável.
Respeitar os períodos de defeso de cada espécie, praticar o pesque e solte e ficar apenas que o peixe para consumo próprio, serão importantes passos que o esporte siga evoluindo sem comprometer a fauna em questão.
Neste texto você teve acesso a noções básicas de como pescar na praia e as diversas nuances que esta modalidade possui.
Portanto, convidamos o caro leitor a visitar os espaços físico e virtual da loja Beto Artigos de Pesca, em Pelotas, Rio Grande do Sul.
Nela, o pescador encontrará todos os materiais descritos no texto e uma boa orientação de como pescar na praia, especialmente no litoral sul do estado gaúcho.
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